“O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia.” Millôr Fernandes
Devo ser uma pessoa miserável. Explico.
Essa semana o fluminense ganhou, com 3 rodadas de antecipação, o campeonato brasileiro de futebol. Assim, imagino que umas 100.000 (não tenho a menor ideia do número) pessoas estão em euforia total comemorando a vitória.
O que mais me impressiona é que a maior parte dessas pessoas se quer tem uma camiseta do time. Outra parcela se quer sabe onde fica a sede do clube e dos que sabem a maior parte jamais colocou seus pés lá. Isso quer dizer que umas 50.000 que nunca visitaram o Estádio das Laranjeiras esquecerão de seus problemas de trabalho, da falta de dinheiro, da própria impotência miséria e comemorarão, ou comemoraram, como se não houvesse amanhã.
De certa forma eu as invejo. Invejo pela alegria em comemorar algo para o qual não contribuíram em absolutamente em nada. Compraram a camisa, pagaram ingressos, e daí? Efetivamente são passivos em relação a tudo o que aconteceu no clube nesse ano. Apesar disso a vitória é suficiente para se jogarem ao chão beijando a bandeira, tatuarem a nova estrela, e, de quebra, gastar mais uma grana na nova camisa, por que a desse ano já está desatualizada.
Olhem a tatuagem defasada |
Não estou falando do fluminense. E nem falo do futebol em sim. Não tenho apreço ou raiva de qualquer time. Falo dessa paixão por algo em que não há controle, participação, suor ou direitos, mas que move o nosso e muitos países.
E sinto-me miserável pois nem por uma vez, mesmo que a cada quarenta anos, terei essa sensação. Não ligo a mínima para esses espetáculos.